Algumas doenças podem aumentar com a previsão de dias mais quentes no Brasil. O aumento das temperaturas médias e a intensificação dos eventos climáticos extremos estão previstos para as próximas décadas no Brasil, segundo projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas.
Esses fenômenos climáticos impactarão diretamente a saúde pública, aumentando a incidência de doenças respiratórias, cardiovasculares, renais, infecciosas e parasitárias. Estudos recentes mostram que a saúde da população está em risco com o acréscimo de 1,5ºC a 4ºC na temperatura média até o final deste século.
Aumento de Doenças Respiratórias, Cardiovasculares e Renais
Pesquisas indicam que o aumento das temperaturas terá efeitos devastadores na saúde dos brasileiros. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Monash, na Austrália, analisou registros de saúde de 1.816 cidades brasileiras entre 2000 e 2015.
Os resultados sugerem que um aumento de 1ºC na temperatura média elevou em quase 1% o risco de internações por doenças renais, frequentemente causadas pela desidratação.
Outro estudo, conduzido pelo Salud Urbana en América Latina (Salurbal) e publicado na revista Nature Medicine, revelou que temperaturas extremas aumentam o risco de morte por doenças cardiovasculares e respiratórias.
Os pesquisadores analisaram dados de 326 cidades em nove países da América Latina entre 2002 e 2015, concluindo que tanto o frio extremo quanto o calor extremo elevam o risco de mortalidade. No entanto, o calor excessivo mostrou-se mais letal.
“A exposição prolongada às altas temperaturas reduz a capacidade do corpo de manter uma temperatura constante, levando a condições como insolação e exaustão pelo calor, o que pode resultar em acidentes vasculares cerebrais (AVC)”, explica Waleska Teixeira Caiaffa, médica brasileira e coordenadora do Observatório de Saúde Urbana da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Impacto das Mudanças Climáticas em Doenças Infecciosas e Parasitárias
A incidência de doenças infecciosas e parasitárias também deve crescer no Brasil, exacerbada por desastres naturais e eventos climáticos extremos. Alagamentos, dificultando a drenagem de águas e a coleta de lixo e esgoto, criam um ambiente propício para surtos de leptospirose.
A falta de água, decorrente das altas temperaturas, pode aumentar os casos de esquistossomose e diarreias, problemas associados ao consumo de água contaminada.
“O aumento de doenças dependerá das mudanças climáticas em cada região e da situação socioeconômica da população”, afirma James Venturi, coordenador do programa de pós-graduação de doenças infecciosas e parasitárias da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Ele alerta que a resposta da sociedade, como o uso intensificado de agrotóxicos, pode favorecer a proliferação de parasitas resistentes.