Cientistas cavaram o buraco mais profundo já feito no manto da Terra

Cientistas conseguiram realizar um feito sem precedentes ao cavar o buraco mais profundo já registrado no manto da Terra, alcançando 1.268 metros abaixo do fundo do Mar Atlântico.

Essa expedição, conduzida a bordo do navio de perfuração oceânica JOIDES Resolution, coletou uma amostra cilíndrica que está oferecendo novas pistas sobre a composição e os processos químicos que ocorrem na maior camada do nosso planeta.

As descobertas iniciais sugerem que esses processos podem ter sido cruciais para o surgimento da vida na Terra há bilhões de anos.

Cientistas cavaram o buraco mais profundo já feito no manto da Terra
(Imagem ilustrativa: Pixabay)

Cientistas estudam o manto da Terra

O manto da Terra é uma camada de rocha de silicato que representa mais de 80% do volume do planeta, localizada entre a crosta externa e o núcleo. Geralmente inacessível, essa camada se revela em poucas regiões onde está exposta no leito marinho, entre as placas tectônicas que compõem a superfície terrestre.

Um desses locais é o Maciço Atlântis, uma montanha submersa no meio do Oceano Atlântico, perto da Dorsal Mesoatlântica, que marca a fronteira entre as placas da América do Norte, Eurásia e África.

Entre abril e junho de 2023, a equipe de cientistas perfurou o manto no Maciço Atlântis, alcançando 850 metros abaixo da superfície oceânica. A amostra, com impressionantes 886 metros de comprimento e composta por mais de 70% de rocha, foi extraída do manto a uma profundidade recorde.

De acordo com o geólogo Johan Lissenberg, da Universidade de Cardiff, essa conquista superou todas as tentativas anteriores, que não haviam ultrapassado 200 metros de profundidade.

Novas descobertas sobre o manto terrestre

A amostra coletada tem aproximadamente 6,5 centímetros de diâmetro e está sendo minuciosamente analisada. Os primeiros estudos revelaram informações inesperadas sobre a composição do manto e um histórico mais extenso de derretimento, processo pelo qual a rocha derrete e migra em direção à superfície, alimentando os vulcões.

Entre as descobertas, destaca-se a abundância variável do mineral ortopiroxênio, observado em escalas que variam de centímetros a centenas de metros. Esse comportamento do mineral está relacionado ao fluxo de derretimento no manto superior, uma área de interesse para os cientistas que buscam compreender melhor a dinâmica interna da Terra.

Os pesquisadores ainda estão no início da análise da amostra, mas as descobertas iniciais já estão desafiando as expectativas. Ao cavar o buraco mais profundo no manto, a ciência deu um passo significativo para desvendar os mistérios da camada mais volumosa da Terra, o que pode ter implicações importantes para entender a história geológica e a evolução da vida em nosso planeta.

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