Fim da Amazônia? Queimadas não são causadas somente por fenômeno

O primeiro semestre de 2024 foi marcado por um triste recorde na Amazônia. O número de queimadas detectadas atingiu patamares jamais vistos nas últimas duas décadas, elevando preocupações sobre a preservação deste importante bioma. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), este período registrou impressionantes 14.250 focos de incêndio.

O aumento, que representa 60% em comparação ao mesmo intervalo no ano anterior, sublinha uma crise ambiental que não está restrita a uma mera estatística. Este fenômeno ameaça a biodiversidade e compromete a qualidade de vida não apenas da fauna e flora local, mas de comunidades humanas que dependem diretamente dos recursos naturais oferecidos pela floresta.

Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), explica que os “focos de calor” são apenas um indicativo preliminar. Avaliar o dano real exige uma compreensão mais profunda sobre a extensão das áreas afetadas. Muitas vezes, um único incêndio pode gerar centenas de registros via satélite, distorcendo a percepção do impacto.

Regiões mais afetadas pelas queimadas na Amazônia

Entre os estados mais afetados, Roraima se destaca com a maior concentração de queimadas, responsável por 33% do total observado na região amazônica. Mato Grosso, por sua vez, apresentou o maior número de focos de incêndio do país, evidenciando como a combinação de biomas – Amazônia, Cerrado e Pantanal – pode ser especialmente vulnerável.

O governo de Mato Grosso, através da Secretaria do Meio Ambiente, informou investimentos da ordem de R$ 74 milhões para conter a crise, enquanto o Plano de Ação de Combate ao Desmatamento Ilegal e Incêndios Florestais está em plena execução.

Impactos do El Niño e mudanças climáticas nas queimadas

O fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, agregou complexidade ao cenário já desafiador imposto pelas mudanças climáticas. Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), ressalta que a influência desses fatores criou condições extremamente propícias para a propagação do fogo, exacerbando a frequência e a intensidade das queimadas na Amazônia.

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