INSS: Polícia e MP investigam R$ 10,8 milhões desviados para corretora de seguros

Por: Benefícios Hoje

A Polícia Civil e o Ministério Público paulista (MPSP) desvendaram um esquema de fraudes no INSS envolvendo um repasse de R$ 10,8 milhões de três entidades para uma corretora de seguros controlada pelo empresário Maurício Camisotti. 

Este empresário é suspeito de ser o "beneficiário final" de associações acusadas de realizar descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados. As suspeitas foram levantadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

As associações envolvidas mantêm "acordos de cooperação técnica" com o INSS, deduzindo mensalidades dos aposentados em troca de supostos benefícios como seguros e planos de saúde. 

No entanto, muitos aposentados reclamaram de descontos que desconheciam, levando a uma avalanche de processos judiciais. Computadores e celulares apreendidos mostraram a extensão do esquema fraudulento.

O que realmente aconteceu?

De acordo com as investigações, as associações Ambec, Cebap e Unsbras — ligadas a Camisotti — foram criadas e são controladas por ele para lucrar com esses descontos. 

Investigadores revelaram que os diretores dessas entidades são funcionários de empresas associadas ao Grupo Total Health (THG) de Camisotti. 

O empresário é investigado por estelionato múltiplo contra aposentados e foi alvo de busca e apreensão pela polícia. Segundo o Coaf, a empresa Benfix, operada por Camisotti e sua esposa, movimentou valores muito superiores ao seu faturamento mensal. 

Entre 2020 e 2024, ela recebeu R$ 12 milhões, dos quais R$ 10,8 milhões vieram das três entidades investigadas.  Para a polícia e o MPSP, isso indica que Camisotti é o "beneficiário final das fraudes".

Como funciona o esquema de fraudes no INSS?

Os computadores apreendidos mostraram que as associações e a Benfix operam de forma interligada. 

Mensagens revelaram diálogos sobre pagamentos e gestão das associações entre coordenadores da Benfix e gerentes da Ambec.

E-mails de um gerente da Ambec continham pastas com documentos de várias outras associações, indicando conexão entre elas.

Quem são os envolvidos na farra do INSS?

O empresário Maurício Camisotti é o principal suspeito, com sua participação ficando evidente pelos valores movimentados e a interligação das associações. 

Ele é bem relacionado politicamente, com conexões em Brasília, e possui um patrimônio considerável, o que inclui mansões e carros de luxo.

Além de Camisotti, outros familiares e executivos ligados a ele também estão sob investigação. 

Entre eles, Ademir Bacic, sobrinho de Camisotti, aparece como um elemento importante no esquema, tendo assinado contratos entre as associações e o INSS.

O que dizem os envolvidos?

Em nota, Maurício Camisotti declarou que ele é apenas acionista da Benfix, uma empresa de apoio administrativo, e que não exerce função executiva nas associações. 

Ele nega qualquer tipo de fraude e afirma que as movimentações financeiras são regulares.

As três associações envolvidas também negaram irregularidades. 

Elas alegaram que apresentaram evidências de consentimento dos aposentados em relação aos descontos e que a quantidade de reclamações é pequena em comparação com a sua base de beneficiários.

Enquanto isso, o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF) continuam suas investigações. 

O diretor de benefícios do INSS, André Fidelis, foi exonerado após a série de reportagens que desmascararam o esquema.

Seguindo as denúncias, espera-se que medidas severas sejam tomadas para punir os responsáveis e garantir que tais fraudes não se repitam.  

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