O nascimento do shoppings center, um grande edifício desprovido de janelas, redefiniu a maneira como compramos. A ideia, inicialmente implementada nos Estados Unidos, foi transformar a agitação do comércio de rua em um ambiente fechado, artificialmente iluminado, sem distrações externas.
Os shoppings foram planejados para maximizar as vendas e influenciar o comportamento dos consumidores de maneiras sutis, mas eficazes. A ausência de janelas não foi um mero acaso. Burt Flickinger, especialista em varejo, explica que menos janelas significam mais espaço para prateleiras e produtos, maximizando as vendas por metro quadrado.
Além disso, a iluminação artificial cria um ambiente de dia eterno, fazendo com que os consumidores percam a noção do tempo e gastem mais.
Outro motivo significativo é a redução de custos. Thomas McMillan, diretor do Center of Retailing Studies da Texas A&M University, aponta que a ausência de janelas torna mais barato aquecer e resfriar o grande espaço dos shoppings. Durante a crise energética dos anos 1970, essa medida se tornou ainda mais relevante, pois evitava a perda de ar condicionado pelas vidraças.
A Evolução e o Impacto dos Shoppings Fechados
O primeiro shopping totalmente fechado, o Southdale Center, foi inaugurado em 1956 em Minneapolis, projetado por Victor Gruen, pioneiro no design de shopping centers.
O layout típico desses shoppings incluía uma estrutura em forma de T ou cruz, com lojas âncoras nos quatro lados, criando uma experiência de compra focada no interior. Elementos como plantas, música e fontes eram incorporados para criar uma experiência sensorial convidativa.
Apesar das mudanças no varejo ao longo das décadas, o design original dos shoppings permanece predominante. Atualmente, existem cerca de 1.122 shoppings fechados nos EUA, um número menor do que os 1.400 de 15 anos atrás. Mesmo assim, esses espaços continuam a atrair consumidores, especialmente das gerações Z e Millennials, que frequentam shoppings tanto para compras quanto para entretenimento.
O que esperar do futuro
Embora a estética sem janelas dos shoppings tenha se consolidado, a evolução do varejo está trazendo novas demandas. As famílias agora buscam experiências além das compras, incluindo restaurantes, cinemas, minigolfe e centros de diversão internos.
Essas novas utilizações dos espaços estão criando uma necessidade prática de janelas, tornando os shoppings mais versáteis e adaptados às demandas contemporâneas.
A adaptação dos shoppings tradicionais para incluir elementos de entretenimento e lazer pode indicar uma mudança no design futuro desses espaços. A necessidade de luz natural e vistas externas pode se tornar mais relevante, equilibrando a funcionalidade e o apelo estético.
A ausência de janelas nos shoppings, portanto, é uma estratégia deliberada que visa maximizar vendas, reduzir custos e criar um ambiente propício ao consumo. Contudo, à medida que as expectativas dos consumidores evoluem, os shoppings podem passar por uma nova transformação, incorporando elementos que tragam mais conexão com o mundo exterior.