Seca no Brasil vai prejudicar muito o bolso de trabalhadores que pagam contas

Vivendo a pior seca da história recente, o Brasil atravessa um período complicado quando o assunto é energia. Com forte estiagem em todas as regiões do país, a estimativa de baixa nos níveis de água deve seguir até, pelo menos, novembro deste ano. Este cenário acendeu o sinal vermelho para a capacidade de manutenção do atual sistema de abastecimento energético.

Embora apagões ainda não estejam no radar, a crise energética pode impactar significativamente a economia nacional e o bolso dos contribuintes. A última crise grave, em 2021, levou a um aumento de 21,21% na energia elétrica residencial e impulsionou o IPCA a 10,06%, o maior nível desde 2015. Diante desse histórico, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que as situações são diferentes.

Cenário energético em 2024

Segundo Alexandre Silveira, “nem este ano, nem em 2025, vamos viver algo semelhante ao visto em 2021. De acordo com ele, “as condições de abastecimento são distintas”. Embora a demanda energética esteja alta mesmo sem a pandemia, os efeitos econômicos de um aumento na tarifa hoje podem ser decisivos para fechar o ano dentro da meta inflacionária.

De acordo com o economista da FGV André Braz, a bandeira vermelha 1 confirmada poderá gerar uma pressão inflacionária em torno de 0,2 ponto percentual. O aumento gera algo em torno de 5% na conta de energia dos brasileiros, um valor menor comparado aos 10% estimados com a bandeira vermelha 2.

Como a crise energética afeta a inflação

A estimativa é que a tarifa energética adicione um peso de 0,25 ponto percentual ao IPCA deste mês. Caso se confirme, a inflação de setembro poderia fechar em cerca de 0,56%. Esse cenário pode ser crucial para o Copom elevar a Selic em novembro e controlar a atividade econômica em linha com a política monetária.

Antecipando esse cenário, Silveira foi o primeiro a sugerir uma reavaliação da decisão da bandeira vermelha 2. O ajuste foi necessário devido a uma inconsistência identificada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Esse erro resultou na revisão da bandeira vermelha 2 para a bandeira vermelha 1.

Com 84% da oferta de energia do Brasil proveniente de fontes renováveis, a maior parte hidrelétrica, o desafio é encontrar o equilíbrio entre modicidade tarifária e segurança energética. Especialistas em transição energética destacam que o Brasil ainda não avançou de maneira significativa com alternativas como energia eólica ou solar.

Impactos da seca na energia e no dia a dia

Para ilustrar a complexidade do problema, a geração solar reduz drasticamente ao pôr do sol, cerca de 30 GW, justamente quando o consumo de energia atinge seu pico, por volta das 18h em dias úteis. O mesmo aplica-se à energia eólica. Em um futuro não tão distante, também poderá se aplicar à geração hidráulica, como mostra a situação em Manaus com a seca.

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