‘Rastro de fogo’ visto no céu brasileiro é explicado por astrônomo

Na noite da última quarta-feira (21), um fenômeno curioso chamou a atenção de moradores da região centro-sul do Brasil: um “rastro de fogo” no céu, seguido de um clarão. O evento, que inicialmente gerou especulações e teorias nas redes sociais, foi rapidamente explicado por especialistas.

Marcelo de Cicco, astrônomo e coordenador do Exoss, projeto que monitora meteoros em parceria com o Observatório Nacional, confirmou que o espetáculo visual foi causado pela reentrada de fragmentos do satélite Starlink-2719 na atmosfera terrestre. Segundo o astrônomo, a queda do lixo espacial estava prevista para ocorrer naquela noite.

Lixo espacial deixa Rastro de fogo
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O fenômeno que gera o rastro de fogo

Desde o início da corrida espacial, em 1957, toneladas de foguetes, naves e satélites têm sido lançados na órbita da Terra. No entanto, a gestão do final da vida útil desses equipamentos nunca foi adequadamente planejada. Isso resultou na acumulação de lixo espacial, um problema crescente e perigoso.

De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), existem atualmente cerca de 900.000 objetos com dimensões superiores a um centímetro orbitando nosso planeta sem qualquer utilidade. Esses fragmentos, que incluem desde pedaços de foguetes a satélites desativados, representam uma ameaça real tanto para missões espaciais quanto para as comunicações terrestres.

O problema do lixo espacial não se limita ao número de objetos em órbita, mas também à velocidade em que eles se movem. Alguns desses detritos viajam a velocidades superiores a 28.000 km/h, o que os transforma em projéteis perigosos.

Embora muitos desses objetos sejam queimados ao entrar na atmosfera, como aconteceu com os pedaços do satélite Starlink-2719, alguns maiores podem sobreviver e atingir a superfície da Terra, potencialmente causando danos.

Futuro da Exploração Espacial

A preocupação com o aumento do lixo espacial não é nova. Diversas agências e organizações internacionais, como a ONU e a ESA, têm alertado sobre o risco crescente desses detritos e a necessidade urgente de mitigar seus impactos.

Em 2007, a Assembleia Geral da ONU aprovou diretrizes para a redução do lixo espacial, incentivando a remoção ativa de satélites desativados e a minimização da produção de novos detritos.

Ainda assim, a comunidade científica e espacial está ciente de que a mitigação do lixo espacial requer uma abordagem coordenada e contínua.

Além disso, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para capturar e remover detritos espaciais de forma segura, o que é essencial para garantir a sustentabilidade das futuras operações espaciais. A entrada controlada de lixo espacial na atmosfera, como aconteceu recentemente com o Starlink-2719, é apenas uma das estratégias que precisam ser ampliadas e melhoradas.

Dessa forma, o recente “rastro de fogo” visto no céu brasileiro é um lembrete visível de um problema invisível que orbita a Terra. Com o avanço da tecnologia e a cooperação internacional, é possível que soluções mais eficazes sejam implementadas para lidar com o lixo espacial e proteger tanto as missões futuras quanto a integridade das comunicações e infraestrutura terrestres.

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