La Niña já fez estrago no Brasil anteriormente e está chegando novamente

O fenômeno climático La Niña está previsto para retornar ao Brasil a partir de agosto de 2024, após sua última passagem entre 2020 e 2023. Este evento natural, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico na região do Equador, causa mudanças significativas no regime de chuvas no país, afetando especialmente a região Sul com períodos prolongados de estiagem.

Durante sua última ocorrência, em fevereiro de 2023, mais de 200 municípios do Rio Grande do Sul declararam estado de emergência devido à seca, resultando em prejuízos consideráveis para a agricultura e o abastecimento de água.

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Impactos do La Niña no Brasil

A última passagem de La Niña trouxe consequências severas para o Brasil, com a região Sul enfrentando seca extrema que prejudicou cultivos essenciais como soja e milho. Em 2023, as perdas estimadas para as lavouras de soja no Rio Grande do Sul alcançaram R$ 28,3 bilhões.

De acordo com Marcelo Seluchi, meteorologista e coordenador-geral de Operações do Cemaden, as expectativas para 2024 indicam um La Niña menos intenso e menos duradouro, possivelmente persistindo apenas até os primeiros meses de 2025.

No entanto, Seluchi alerta que a intensidade do fenômeno não necessariamente determina o impacto, uma vez que La Niña pode interagir com outros eventos climáticos, gerando efeitos variados.

A região Norte e Nordeste, durante a última La Niña, registraram um aumento significativo no volume de chuvas, resultando em inundações e deslizamentos em estados como Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Para 2024, espera-se que as condições sejam diferentes, visto que o Oceano Atlântico apresenta temperaturas mais altas do que o normal, um fator que pode alterar as consequências típicas do fenômeno.

Preparativos e Prevenção

A rápida transição entre o término do El Niño e o início do La Niña em 2024 é uma característica incomum que traz desafios adicionais para a previsão e gestão de desastres climáticos. José Marengo, climatologista e coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, enfatiza a necessidade de governos e sociedade civil estarem preparados para lidar com esses eventos extremos.

Ele destaca que a região Sul, que recentemente enfrentou chuvas intensas, pode agora se deparar com uma seca severa, exigindo medidas preventivas adequadas.

Marengo ressalta que eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes globalmente, com regiões como Nova York, Índia, Arábia Saudita e Europa enfrentando ondas de calor intensas. Essa tendência sublinha a importância de instrumentos eficazes de prevenção a desastres, que podem ajudar a mitigar os impactos de fenômenos como La Niña.

A Importância da Prevenção e Sustentabilidade

Ronaldo Christofoletti, professor e pesquisador do IMar-Unifesp, reforça a relevância de ferramentas de prevenção a desastres naturais e a necessidade de governos e organizações adaptarem suas estratégias para lidar com eventos climáticos extremos. Ele aponta que a sucessão rápida de fenômenos, como ondas de frio, chuvas intensas e secas extremas, dificulta a previsão precisa dos impactos.

Christofoletti destaca que é crucial discutir e implementar medidas de redução de consumo de água e sustentabilidade, especialmente no setor empresarial, que é responsável por grande parte do consumo. Ele reforça a importância de políticas públicas que promovam práticas sustentáveis e a necessidade de conscientização da população sobre seu papel na mitigação dos impactos climáticos.

O retorno de La Niña em 2024 exige uma abordagem proativa para minimizar seus efeitos adversos, garantindo que tanto a população quanto os setores produtivos estejam preparados para enfrentar os desafios impostos por esse fenômeno natural.

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