Criança indígena foi encontrada sepultada em casca de árvore

Uma arqueóloga da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) está no centro de uma investigação fascinante: desenterrar a história de uma criança indígena sepultada em uma casca de árvore há entre 600 e 1.300 anos. A descoberta ocorreu durante uma escavação em julho de 2004 no sítio arqueológico da Lapa do Caboclo, em Diamantina, região central de Minas Gerais.

Bibi Nhatarâmiak, uma pesquisadora indígena de 25 anos, é a mente por trás dessa pesquisa. Conhecedora das histórias ancestrais, ela ficou surpresa ao descobrir que pouco se sabia sobre a criança até então.

A dissertação de mestrado de Nhatarâmiak, defendida em 2024, utilizou tomografias da mandíbula e dos dentes para determinar que a idade da criança era de aproximadamente dez anos, corrigindo a estimativa anterior de três anos.

Andrei Isnardis/UFMG

No doutorado, seu objetivo é abrir a casca da árvore para obter mais informações sobre a vida de Nimu Borum, nome revelado a ela por meio de interações espirituais com seus ancestrais.

Como essa pesquisa resgata a história de Nimu Borum

Durante o mestrado, Nhatarâmiak não pôde abrir a casca devido à falta de autorização espiritual. Desde sua descoberta em 2004, a criança foi preservada no acervo do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG. Durante o incêndio devastador que atingiu o museu em junho de 2020, Nimu Borum estava em exposição e foi salva do fogo.

Mariana Petry Cabral, professora do departamento de arqueologia e orientadora de Nhatarâmiak, acredita que a pesquisa trará uma nova perspectiva ao tratamento de descobertas arqueológicas. A pesquisa também fez Andrei Isnardis, que liderou as escavações iniciais, refletir sobre as práticas arqueológicas. 

O trabalho de Nhatarâmiak incita debates sobre a ética nas escavações de sepultamentos. Isnardis menciona que, atualmente, ele consideraria não perturbar contextos funerários durante as pesquisas.

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