Comprar casa própria com a Caixa pode ficar mais cara no próximo ano

Comprar a própria casa é o sonho de muitos brasileiros, mas o cenário econômico e as mudanças nas regras de financiamento tornar esse objetivo mais desafiador.

A Caixa Econômica Federal, responsável por cerca de 70% do crédito imobiliário no país, anunciou alterações importantes que entrarão em vigor no dia 21 de outubro de 2024.

Essas mudanças afetaram diretamente o valor financeiro de imóveis, o que pode impactar o planejamento de quem deseja adquirir uma residência ou imóvel comercial.

Redução do valor financiável pela Caixa

A principal mudança que a Caixa Econômica Federal está implementando é a redução do teto de financiamento para imóveis. Essa alteração afeta tanto imóveis residenciais (novos e usados) quanto comerciais, além de empréstimos para construção individual e compra de lotes urbanizados.

As novas regras serão válidas para modalidades de financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que incluem opções como TR (Taxa Referencial), poupança, IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e taxa fixa.

Modalidades de tabela SAC e Preço

O ajuste ocorrerá nas tabelas SAC e Price, os dois modelos mais comuns de financiamento imobiliário no Brasil.

  • Tabela SAC (Sistema de Amortização Constante): Atualmente, o teto de financiamento da Caixa para essa modalidade é de 80%, mas a partir de 21 de outubro, será reduzido para 70%. Isso significa que, para um imóvel de R$ 1 milhão, o comprador, que antes precisava pagar R$ 200 mil de entrada, agora terá que desembolsar R$ 300 mil.
  • Tabela Preço: Para quem optar por essa modalidade, a Caixa reduzirá o teto de financiamento de 70% para 50%. Isso implica que, em um imóvel de R$ 1 milhão, o comprador que precisaria ter R$ 300 mil de entrada agora terá que pagar metade do valor do imóvel, ou seja, R$ 500 mil à vista.

Empréstimos para construção e compra de lotes

Além da compra de imóveis prontos, essas mudanças também afetam os empréstimos destinados à construção individual e à compra de lotes urbanizados.

Essa é uma questão importante para quem planeja construir ou comprar terrenos e projetos habitacionais próprios, já que o custo inicial aumenta consideravelmente devido à exigência de uma maior entrada.

Aumento da Selic

As alterações nos financiamentos pela Caixa não acontecem de forma isolada. Elas refletem o contexto macroeconômico, especialmente na razão do aumento da taxa Selic, que subiu de 10,5% para 10,75% ao ano em setembro de 2024.

Esse aumento foi determinado pelo Banco Central como uma medida para controlar a inflação. Entretanto, a Selic mais alta encarece o custo de captação de recursos dos bancos, que por sua vez elevam os juros cobrados dos tomadores de crédito.

Economistas do mercado financeiro acreditam que a taxa básica de juros pode subir ainda mais, chegando a 12% no início de 2025. Isso cria um ciclo de pressão sobre os custos do financiamento imobiliário, conduzindo o poder de compra dos consumidores, já que parcelas mais altas são permitidas para cobrir os juros.

A reação do mercado imobiliário e dos consumidores

Os agentes imobiliários estão preocupados com as implicações dessas mudanças. Com a redução do valor financiável, as famílias que planejam comprar um imóvel precisarão ter uma quantidade maior de entrada, o que pode retardar ou inviabilizar os planos de muitos compradores.

Esse movimento vem em um momento de alta demanda por imóveis, especialmente residenciais, uma vez que a Caixa Econômica projeta um crescimento de 8% a 12% em sua carteira de crédito imobiliário até o fim de 2024.

Apesar das novas regras, a Caixa informou que já concedeu cerca de R$ 175 bilhões em crédito imobiliário até setembro de 2024, representando um crescimento de 28,6% em comparação com o mesmo período de 2023.

No entanto, o banco admite que a forte demanda por financiamentos está enviando o orçamento disponível para o próximo ano.

O futuro do setor dependerá não apenas das políticas de financiamento dos bancos, mas também de possíveis novas medidas governamentais para incentivo ao crédito e à aquisição de imóveis. Para quem deseja comprar uma casa própria, o planejamento financeiro será mais importante do que nunca.

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