Adeus Olimpíada? Casos de doença gera alerta para abertura dos jogo

Com a proximidade da Olimpíada, o aumento significativo de casos de coqueluche na Europa no primeiro semestre de 2024 acendeu um alerta transcontinental. De acordo com o Centro Europeu de Controle e Prevenção das Doenças (ECDC), mais de 32 mil casos foram registrados na União Europeia apenas nos primeiros três meses deste ano.

Esse número supera os 25 mil casos registrados durante todo o ano passado. A agência francesa Santé Publique emitiu um relatório confirmando uma situação epidêmica estabelecida no território, alertando para a necessidade de vigilância redobrada durante o evento esportivo global.

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Situação epidemiológica e impacto na saúde pública

O crescimento exponencial dos casos de coqueluche na Europa, particularmente na França, destaca a gravidade da situação. Em abril, o país registrou 1.400 casos, número que mais que dobrou em maio, alcançando 3.000 casos, conforme comunicado do Instituto Pasteur.

A coqueluche, uma doença infecciosa aguda causada pela bactéria Bordetella pertussis, afeta principalmente o sistema respiratório e é caracterizada por tosse aguda e persistente. Segundo o Ministério da Saúde, a queda nas coberturas vacinais é a principal razão para o alerta sobre a doença.

No Brasil, a situação também é preocupante. Até 6 de junho, o Ministério da Saúde registrou 115 casos de coqueluche, em comparação com 217 casos durante todo o ano passado. Em São Paulo, o estado mais populoso do país, foram registrados 139 casos até 8 de junho, representando um aumento de mais de 700% em relação aos 16 casos registrados no ano anterior.

A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, destaca que o diagnóstico da coqueluche não é fácil, podendo haver um número real de casos maior do que o registrado oficialmente.

Desafios para a contenção da coqueluche próximo das Olimpíadas

A prevenção da coqueluche passa, principalmente, pela vacinação. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina Pentavalente, que protege contra coqueluche, difteria, tétano, hepatite B e influenza B. A vacina deve ser administrada em crianças aos 2, 4 e 15 meses de idade, com um reforço aos 4 anos.

A infectologista Rosana Richtmann explica que a imunização dura, em média, dez anos, sendo recomendada a revacinação de adolescentes e adultos a cada década. No entanto, essa prática ainda não está prevista no sistema público de saúde.

A cobertura vacinal no Brasil tem diminuído nos últimos anos, com dados do DataSUS mostrando uma queda de 96% em 2015 para 77% em 2022. Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, atribui essa redução à percepção de baixo risco e ao impacto das fake news e do movimento anti-vacina.

Ele sugere a criação de medidas de incentivo para aumentar a vacinação, como permitir que as pessoas faltem um dia de trabalho para se vacinar, similar ao que já ocorre com a doação de sangue.

Diante do aumento dos casos de coqueluche na Europa e a proximidade dos Jogos Olímpicos, o Ministério da Saúde brasileiro reforçou as ações de vigilância epidemiológica, incluindo alertas aos profissionais de saúde, investigação de contatos de casos confirmados, oferta de tratamento e ampliação do uso da vacina para profissionais de saúde que atuam com crianças pequenas.

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